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- Valéria Pinto
- Escritora, mulher, brasileira... Livro lançado: Sônia Uma Estrela - Parcerias - Contato: valeriapinto64@gmail.com Instagram: @vavepinto
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segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Amor de Internet
Valéria Pinto
17 de agosto de 2015
Meu primeiro contato
com o mundo virtual foi meio sem jeito, não entendia como a coisa funcionava,
mas aos poucos fui me entrosando e de cara arrumei meu primeiro pretendente,
pela discrição : loiro, pele branca, corpo forte, alto, gerente numa firma de
construção imobiliária, dono de um carro vermelho...Um príncipe, meu príncipe. Para tudo!!! Pensei comigo: - Nossa esse
negócio de amor por internet funciona mesmo, tolinha eu, não é mesmo?
Marcamos de nos
encontrarmos em Niterói, numa sexta-feira.
Depois do trabalho eu iria encontrar o meu futuro namorado, ou marido,
já que namorado ele já dizia ser meu. Como nós mulheres nos enganamos com
lindas palavras que tocam profundamente nossos corações.
Caprichei no visual,
mesmo sabendo que teria que trabalhar por 8 horas e só depois então encontraria
meu amorzinho. A ansiedade gritava forte
dentro de mim, eu queria que as horas passassem logo e mil vezes olhei o
relógio, mas as horas parecem correrem lentas quando estamos com pressa. O dia se arrastou, mas eu era a senhora sorriso em pessoa.
Espalhei para todos do meu departamento que iria conhecer
meu príncipe, que estava me fazendo ver a vida de um outro patamar, sua voz
era encantadora, nunca ouvira uma voz tão linda ao telefone, eu estava
apaixonada.
O almoço a conversa
foi como seria esse encontro, eu falava animadamente, como se fosse casar no
dia seguinte. Minha inocência me levava
para um mundo de sonhos, de fantasias, onde a felicidade era parte completa e
definitiva, como um sentimento obrigatório para se viver e nada podia fazer com
que as coisas dessem errado.
Às 18 horas eu já
estava ao lado do cartão de ponto e logo cheguei ao elevador, corri para pegar
a primeira barca que estivesse saindo... Atravessei as avenidas do Centro da
Cidade do Rio de Janeiro como um furacão, nem olhava os transeuntes que
passavam, eu queria chegar logo em Niterói, queria poder abraçar e beijar muito
meu amor, meu namorado, meu príncipe.
Como tinha amigos na
Cidade de Niterói e teria que esperar um pouco mais pelo príncipe, eu fiquei
tomando uma cerveja na praia de Icaraí com eles.
Meu celular tocou,
eu pulei de felicidade, era ele dizendo que em segundos estaria chegando... Que
eu ficasse atenta, seu carro era vermelho - Claro que eu lembrava, na verdade
eu lembrava de cada palavra que ele havia dito tanto na sala de bate papo, como
em cada telefonema que varavam a noite.
Comecei a observar
cada carro que passava e nada de um carro vermelho parar perto do quiosque
onde eu estava com os amigos, mas de repente... Para tudo, um carro velho, mais
do que velho cruzou a avenida soltando uma fumaça infernal, além daquela fumaça
toda, para piorar, uma barulheira que parecia que tudo ali a qualquer momento
iria desmoronar.
Com certeza afetava
direto a camada de ozônio, certamente Luciano Hulk daria perda total, sem
chances nenhuma de participar do seu programa no quadro Lata velha.
Eu queria acreditar que não era ele, já que
em momento nenhum ele citara um carro desse modo, caindo aos pedaços, não que
eu tenha preconceito com carros velhos, nada disso, o meu também não é nenhum
zero quilômetro, mas aquele carro estava longe de ser apenas um carro velho,
era um chevett dos anos 70, que com certeza se você encostasse naquela lataria
iria pegar um tifo ou qualquer doença contagiosa do gênero, devido ao estado
lastimável que se encontrava.
Para minha
surpresa maior a porta do motorista foi aberta, um homem, mas do que gordo,
obeso, loiro? Fala sério, ele carregava na cabeça uma palhoça de milho, porque
cabelo de jeito nenhum aquilo era, para completar seus braços eram curtos,
fazendo com que meu príncipe se parecesse um Tiranossauro. Observei o sorriso no canto dos lábios de meus
amigos, disfarcei...
Ele olhou para mim e
disse: - Você é a Valéria? Juro que eu
queria dizer que não! Meus amigos me olharam querendo saber a resposta,
timidamente balancei a cabeça diante do meu Tiranossauro, já que, falar foi
impossível naquele momento.
- Desculpe-me pelo
atraso, é que ainda passei no barbeiro, para fazer a barba e cortar o cabelo,
queria vir bem apresentado para você. Só
consegui articular 3 letras: Ata!
Eu me perguntava como ele seria sem ter feito
a barba e cortado o cabelo. Pior? Talvez! Meus pensamentos eram complicados de
se entenderem naquele momento, a única coisa que eu queria era fugir dali. Será que Harry Potter me emprestaria sua capa
de invisibilidade?
Ele sentou ao meu
lado, eu não conseguia falar nada, meus amigos entreolhavam entre si, percebi
que eles queriam rir, fazerem chacota do meu encontro, da minha lamentável
situação.
Foi quando a solução
veio: - Eu falei com minha mãe que iria te apresentar a ela. Você se incomodaria de ir até a minha casa?
Eu disse sim com a
cabeça. Eu disse sim? Onde eu estava com a cabeça? Eu ainda iria
alimentar uma situação? Por que
simplesmente não inventei uma dor de barriga, uma saída a la francesa, mas eu
disse sim!
Meus amigos me
desejaram boa sorte. E sorte era o que eu realmente precisava naquele momento.
Confesso que entrei
naquele carro com medo, com medo dele desmontar, com medo de pegar uma infecção
de tanto ferrugem, essas coisas. Pensei
que poderia estar ocorrendo uma blitz e eu diria no ouvido do guarda que estava
sendo sequestrada e dava no pé.
A casa era bem
humilde, no bairro de São Gonçalo, eu só me perguntava, sem saber sair daquela
situação, onde eu queria chegar, o que eu estava fazendo ali? Por Deus que eu não sabia, agia
automaticamente.
Minha ex-futura
sogra veio nos receber no portão. Perai,
alguém me diz que voltaram a filmar a novela Saramandaia? Eu estava diante da Dona Redonda, aquela
mulher pesava mais de 200 kilos, só podia, seus peitos juntavam com os joelhos,
era uma figura bizarra dentro de uma vestido largo e sem nenhuma postura, cheirando
a urina, tadinha ainda tinha barba. Pelo
amor de Deus, alguém faz a barba dessa mulher e dá um banho nela.
Ela me abraçou toda
animada, fiquei preocupada em me quebrar alguns ossos.
- Seja bem vinda
minha filha!
- Obrigada. Só vim mesmo lhe conhecer e já estamos de
saída, não é?
Olhei para o...
deixa prá lá... E pedi para me levar de volta para o Terminal das Barcas, eu
tinha que voltar para o Rio, já estava ficando tarde. Eu estava conseguindo
falar, acordando do susto.
- Não seja por isso,
durma aqui.
- Infelizmente não
posso, tenho um compromisso amanhã cedo.
Fui logo me
despedindo e me dirigindo para o carro.
- Preciso ir agora,
foi um prazer.
Na verdade não senti
nenhum prazer em estar naquela situação.
Por que as pessoas não são verdadeiras ao se descreverem? Não tenho preconceito, mas levei um enorme
susto ao saber que meu príncipe era na verdade um sapo, um dinossauro...
Agora estou aqui
diante do computador, tentando fazer desse encontro uma história engraçada,
porque de terror já basta os que eu leio no jornal.
Obs. Uso a história na primeira pessoa, isso não quer dizer que fui protagonista da história.
Qualquer semelhança com casos reais é mera coincidência.
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Valéria Pinto
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015
LUTA
Não adianta mais me lastimar
Parar e chorar
Tenho que abrir o peito
Partir, lutar
Usar uma força, talvez bruta
Na marcha da vida
Viver, mas viver prá valer
De que adianta parar no tempo
Vou com garra
Vou à luta
Numa procura
É a vida
Que tem que ser vivida
Talvez com a força do Hulk
Ser também incrível
Expandir numa nova vida
Contribuindo para uma vitória
bem sucedida
Invadindo corações
Criando ali paixões sem
ilusões
Vencer sei que vou
Um dia há de acontecer
E provarei ao mundo
Que realmente eu soube viver
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